segunda-feira, maio 26, 2008

Porphírio: disposição de menino aos 71


Natália Espanholi
Domingo - 16/09/2007

Birigüi - O corredor Porphírio Orenha, de 71 anos, vai representar Birigui nas provas dos 100, 200 e 400 metros rasos da Corrida Inter-Regional da Associação Nipo Brasileira, que reúne atletas veteranos de todo o Estado de São Paulo. A competição está marcada para amanhã, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

A vaga foi conquistada em 19 de agosto último, na 27ª Competição de Atletismo para Veteranos Nipo-Brasileira da Noroeste, em Promissão. "Participo desse evento esportivo há 17 anos e será gratificante trazer, mais uma vez, medalhas para Birigui", diz o atleta.

Ano passado, Orenha foi campeão da competição da Nipo nos 400 m rasos. Nas duas demais provas, ficou com a medalha de prata. "Em 17 anos, nunca tinha ficado em segundo lugar, mas estou com um problema de saúde que acabou afetando meu desempenho e impedindo que continuasse ganhando ouro seguidamente", explica.

Orenha também vai participar, em novembro, da prova dos 1000 m da 11ª edição dos Jogos Estaduais do Idoso, em Praia Grande, no litoral sul paulista. "Me classifiquei para esse torneio ao ser campeão da prova nos Jogos Regionais do Idoso, que neste ano foram disputados em Dracena", revela.

A vitalidade e a disposição de Porphírio, que lhe permitem competir até hoje, são fruto de uma longa trajetória. A paixão pelas corridas brotou logo cedo no atleta que, quando criança, com assiduidade, também jogava futebol.

Ele jamais imaginou, porém, que, um dia, pudesse "ser considerado" um atleta. Prova de que se tornou um são as paredes de sua sala, repletas de troféus e medalhas de atletismo e futebol.

Aos poucos, o corredor birigüiense foi abandonando a bola, sem deixar de praticar futebol totalmente, mas dedicando-se mais ao atletismo. "Estreei em corridas aos 16 anos, em um torneio organizado pela colônia japonesa. Fiquei em primeiro lugar nos 200 m, que era uma prova extra para brasileiros", lembra o atleta.

Segundo Orenha, após o sucesso nessa prova, a preparação começou para valer. "Eu treinava com um companheiro. Íamos até Coroados correndo e voltávamos quase todos os dias. No início, as competições de que eu participava eram provas longas, de 10 e 15 quilômetros", explica.

SUPERMERCADO - Nos 30 anos em que trabalhou no comércio de Birigüi, Porphírio sempre se manteve praticando esporte. Mas competia e treinava "quando tinha tempo". De 1965 até se aposentar, em 1984, foi gerente de um supermercado local e só tinha as tardes de domingo para treinar. "Eu era o primeiro que entrava e o último que saía do serviço", lembra.

O maior número de conquistas de Orenha no atletismo, contudo, veio após sua aposentadoria no comércio, época em que ele passou a dispor de mais tempo para a preparação. "É gratificante receber aplausos quando se vence uma corrida com toda essa idade", afirma. "Em cada lugar que vou correr, volto com grandes amigos, o que me dá ainda mais incentivo para continuar praticando esporte".

Atleta de Birigüi tem boas lembranças da São Silvestre de 58

Com o aprimoramento dos treinos, Orenha ganhou condições para participar, aos 32 anos, da Corrida Internacional de São Silvestre, em que ficou em 84º lugar, na edição de 1958. A colocação foi uma conquista inesquecível.

"Para você ver o quanto fiquei feliz, guardo até hoje a medalha de bronze que me deram quando cruzei a linha de chegada. Eram 6.848 competidores e eu cheguei entre os 100 primeiros", afirma.

Nessa época, ele chegava ao auge da forma. Prova disso é que aos 33 anos, numa idade em que os atletas não costumam estar na plenitude, Porphírio conseguiu sua melhor marca nos 400 m (50s002), em uma prova disputada em Penápolis. "Na época, ninguém conseguia bater esse recorde em competições", diz o atleta.

Inicialmente, Porphírio praticava provas de longa distância, mas, hoje, costuma competir em corridas curtas, de 100, 200 e 400 m, que no atletismo são a especialidade dos chamados velocistas. "E os 400 são a minha especialidade e a que me rende dá mais vitórias", revela.

Seis vezes campeão da prova no Troféu Brasil (para veteranos) e outras seis nos 200 m, Orenha repetiu a façanha em competições estaduais da categoria, em que venceu 13 vezes nos 400 m. Já foi, também, cinco vezes campeão sul-americano master nos 400 m e cinco vezes vice nos 200m, além de ganhar medalha de ouro nos 400 m em um Pan-Americano veterano, em Santiago, Chile. "Nesse Pan, ainda levei a prata nos 200 m", conta.

TREINOS - Atualmente, Porphírio tem treinado cerca de duas horas e meia por dia, na pista de atletismo da Vila Brasil. "Mesmo com os problemas de saúde que tenho, não vou desistir do esporte porque sei da sua importância. Se eu parar, minha saúde vai piorar", afirma Porphírio Orenha.

Segundo ele, as dores na coluna, decorrentes da idade, são fortes, mas não suficientes para aplacar sua vontade de competir.

Suas viagens para competições são custeadas por duas empresas locais. "Que pagam as minhas passagens de ida e volta. O que gasto nos locais de competição é por minha conta", explica ele. "O maior incentivo que recebo é de mim mesmo. Gosto de esporte e conquistei muitos bons amigos durante todos esses nas pistas", afirma.

CONSELHO - Porphírio Orenha aconselha todos a praticar esportes e defende que qualquer modalidade escolhida é propícia à manutenção da saúde, desde que se respeite os limites do corpo. "O atletismo é a base de qualquer outro esporte, proporcionando resistência e velocidade. Mas qualquer modalidade é boa para ser praticada", declara o corredor.


Foto: Rafael Lopes
Legenda: Porphírio Orenha mostra a grande quantidade de troféus e medalhas que conquistou ao longo da vida
Fonte: Folha da Região
Data: 16/09/2007

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