quinta-feira, agosto 02, 2007

IML troca corpo de vítima de acidente


O corpo do empresário Márcio Rogério de Andrade, 35, morto no acidente com o vôo 3054 da TAM que vinha de Porto Alegre com destino a São Paulo, no último dia 17 de julho, foi entregue de forma equivocada pela equipe do IML (Instituto Médico Legal) da capital à família para o sepultamento em Birigüi.

Segundo a família de Márcio, o erro teria acontecido no momento da retirada dos corpos do empresário, da esposa e da filha do casal do IML. Um agente funerário, contratado pela família para fazer o translado do corpo até Monte Aprazível, cidade próxima de São José do Rio Preto, teria pegado o caixão com um número errado. "Na hora, em vez de pegar o número 4672 pegaram o 4772; foi onde houve a troca", disse a irmã de Márcio, Claúdia Aparecida de Andrade Teixeira, à Folha da Região, que acompanhou a exumação e a troca dos corpos.

Segundo ela, a equipe do IML chegou ao cemitério da Consolação, em Birigüi, por volta das 8h e a troca teria sido feita por volta das 9h30. O marido de Claúdia, Pedro Teixeira, teria visto o corpo e reconhecido o cunhado.

Em nota divulgada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, o IML lamenta a ocorrência do erro na entrega do corpo e informa que não houve erro de identificação, mas sim na retirada do caixão para o sepultamento. Segundo ainda a assessoria do órgão, o erro teria sido descoberto pelos próprios funcionários do IML.

A família de Márcio teria recebido uma ligação do Instituto pedindo que eles recebessem uma equipe do órgão para uma conversa. Na noite de anteontem (31), um procurador do Estado, um médico legista, um major da Defesa Civil e outras pessoas ligadas ao IML teriam vindo em um vôo fretado para avisar a família da troca dos corpos. "Eu pedi que fosse tudo feito o mais rápido possível e que ninguém fosse avisado. Inclusive meus pais, que ficaram sabendo da notícia pela televisão. Eu iria contar, mas depois que tudo já estivesse resolvido", disse Claúdia. Segundo ela, o Estado queria divulgar o que teria acontecido, mas a pedido dela tudo foi mantido em sigilo.

O tio das vítimas, Mário Luiz Ura, ficou surpreso ao saber da exumação e da troca de um dos corpos. "Ninguém nos avisou, pelo menos para nos manter informados do que estava acontecendo. Achamos que o erro poderia ser com o corpo do André, que foi o último a ser identificado, já que o Márcio estava com os documentos pessoais no bolso. Ela (Cláudia) tentou poupar a família de uma dor maior, mas não é assim que funciona", disse o tio dos irmãos André Ura Dona, 25, e Melissa Ura Doná de Andrade, 30, que era casada com Márcio.

Um primo em terceiro grau dos irmãos, Aparecido Doná, teria acompanhado a troca, mas somente como funcionário da prefeitura. "O Doca (Aparecido) estava lá, mas pelo que eu sei estava como funcionário da prefeitura e não como representante da família. Ele pode ter dado autorização, mas ele não é responsável. Eles deveriam ter nos avisado para não nos fazer sofrer ainda mais, minha família soube pelo noticiário e ficou assustada", disse Mário.

Ele afirmou ainda, que as informações a respeito da troca estariam meio confusas. "Eu não posso te afirmar o que aconteceu exatamente. Vou esperar o Sérgio (Doná) chegar na sexta-feira para poder conversar com a família do Márcio e saber ao certo o que foi que aconteceu".


Família diz que tem toda a assistência da empresa

Claúdia Aparecida de Andrade Teixeira, irmã de Márcio, informou que a companhia aérea tem dado todo o suporte à família. "Eles nos ligam com freqüência e têm nos oferecido assistência psicológica para poder superar tudo isso". Segundo ela, uma viagem à capital está marcada para sexta-feira. "Temos algumas coisas ainda para resolver a respeito dos gastos que tivemos. Por isso devo ir a São Paulo na sexta para conversar com representantes da TAM".

Claudia informou também que ainda não pensou em indenização ou em mover algum tipo de ação contra a companhia. "Não temos uma posição definida. Preciso conversar com a família da Melissa para depois tomarmos uma decisão quanto a isso". Ela acredita que o acidente tenha ocorrido por diversos problemas. "Creio que um conjunto de fatores causou o acidente. Já existem provas de que a pista estava escorregadia e que o avião tinha problemas, mas não podemos culpar uma só pessoa", explicou. "Eu só espero que meu irmão tenha morrido para que alguns erros sejam reparados e que isso não volte a acontecer. Sei que meu irmão, minha cunhada e minha sobrinha não vão voltar, mas eles podem ter ajudado a corrigir falhas".

Márcio, a esposa Melissa, a filha do casal Alanis Ura Doná de Andrade, 2, e André, irmão de Melissa, voltavam de Porto Alegre após uma festa de confraternização na chácara do jogador Ronaldinho Gaúcho, em Eldorado do Sul. Segundo a família, Márcio estava a 15 dias na capital gaúcha e teria ido a trabalho.

MISSA - Na última quinta-feira, dia 30 de julho, Márcio completaria 36 anos de idade. Uma missa em homenagem ao empresário foi rezada em Monte Aprazível. Familiares e amigos estiveram presentes na Igreja Matriz Bom Jesus, no centro da cidade. Além do bispo de São João da Boa Vista, dom Davi Dias Pimentel, a missa também foi celebrada por outros quatro padres da região que são amigos da família.


Fonte: Folha da Região
Data: 02/08/2007
Fotos: Valdivi Pereira

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home