Troca do corpo de vítima de acidente pode ser investigada
A troca do corpo do ex-jorgador e empresário de futebol Márcio Rogério de Andrade, 35, morto no acidente com o Airbus A320 da TAM em São Paulo, que foi realizada anteontem no cemitério da Consolação, em Birigüi, pode ser investigada pela polícia. Representantes do IML (Instituto Médico Legal) fecharam o cemitério para o público por volta das 8h de anteontem e abriram o jazigo de onde retiraram o caixão de uma vítima ainda não-identificada.
No lugar, foi enterrado outro caixão, com o corpo do empresário. Oficialmente, nenhuma autoridade policial do município foi comunicada do procedimento. Também não há nenhuma autorização por escrito por parte das famílias das vítimas para que o túmulo fosse aberto.
Segundo o delegado José Luiz de Lima, o que pode ser feito é um boletim de ocorrência de autoria a esclarecer para que o fato possa ser esclarecido. Mas ressalta que até o momento ninguém da família procurou a polícia. "Se eu for procurado, vou ouvir as famílias e funcionários da Prefeitura para saber o que houve e depois fazer o boletim. Depois disso mandamos para o Ministério Público, que é quem vai averiguar se houve ou não crime. Mas nós não temos subsídios para fazer nada. O que ficamos sabendo foi através da imprensa".
Os delegados da cidade Heweraldo Weber Gonçalves, José Luiz de Lima e o delegado do 1º Distrito Policial, Cristiano Oliveira Melo, que é responsável pela área onde fica o cemitério da Consolação, não foram informados do procedimento. "Não é obrigatório que eles nos comuniquem, mas seria bom que tivessem feito, para assim ficarmos por dentro do que estava acontecendo", disse Gonçalves.
Já Lima informou que poderia ter sido feito um auto circunstanciado sobre a exumação. "Eles poderiam ter pedido que nós fizéssemos um auto para que constasse o que ocorreu no cemitério naquela manhã", disse o delegado.
A assessoria da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que a autorização para a troca dos corpos foi dada pela família da vítima e o que houve não foi uma exumação, mas sim uma troca de caixões, devido ao erro na hora da retirada do corpo do empresário do IML (Instituto Médico Legal).
Mas segundo informações da irmã de Márcio, Cláudia Aparecida de Andrade Teixeira, que acompanhou a troca dos caixões, ela não teria assinado nenhum documento de autorização. "Perguntei a eles (pessoal do IML) se precisava de assinatura, eles disseram que não", disse. Segundo Cláudia, a informação era de que a troca tinha sido autorizada pelo TJ (Tribunal de Justiça).
Para o promotor Paulo Sérgio Ribeiro da Silva, uma autorização verbal não vale formalmente. "Esse tipo de autorização tem que ser registrado, pelo menos por escrito", disse ele.
Mário Luiz Ura, que é tio dos irmãos Melissa Ura Doná de Andrade, 30, e do advogado André Ura Doná, 25, que estão enterrados no mesmo jazigo, disse ter havido violação de túmulo porque nenhum dos familiares responsáveis pelo túmulo da família foi avisado da abertura e da troca de caixões. "Vou esperar o Sérgio (Doná, outro parente) chegar de viagem amanhã para conversar a respeito e saber o que foi que aconteceu".
Na tarde de terça-feira, Cláudia foi procurada pelo IML para que recebesse uma equipe composta por um médico-legista, um major da Defesa Civil de São Paulo, dois tenentes-coronéis da PM, um procurador e um representante do governo estadual. "Pedi ao IML que tudo fosse feito da maneira mais sigilosa e discreta possível", disse ela, Cláudia pretendia aguardar um tempo antes de contar aos pais e a família sobre a troca de cadáveres, para evitar mais sofrimento.
Fonte: Folha da Região
Data: 03/08/2007


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